segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

O Cartão de Apresentação de uma Banda

Li a matéria sobre a banda do filho do Gilberto Gil na Revista O Globo deste último domingo e fiquei curioso sobre o som dos caras. Quer dizer... ...esta curiosidade só durou até eu ver a foto dos integrantes da tal banda.

Explico: quando uma banda ou um(a) artista de rock ou afins sobe em um palco, enquanto os instrumentos são plugados, afinados, antes de começar o show já sabemos mais ou menos do que se trata. Já temos uma ideia do tipo de som, o gênero da banda ou do(a) artista.

O que "denuncia" isso? Ora... ...a roupa, os cabelos, os sapatos (ou a falta do "pisante"; pense numa Maria Bethânia sobre um palco).

Mas voltando à banda do filho do Gil: o garoto se chama Bem Gil e a tal banda é a Tono. E afinal, qual é a dos caras? Não faço a mínima ideia. Não pesquisei na Internet. Não me senti estimulado.

Entretanto, não quero fazer um juízo de valor de uma banda que eu não conheço e sim aproveitar este gancho acidental, para pensar sobre o "design" de bandas.

O que se vê na foto da Revista O Globo é o retrato de um tipo específico de músico jovem carioca, que faz uma música que é um híbrido de nada com coisa alguma.

Saca aqueles jovens que frequentam o Posto Nove (praia de Ipanema aqui no Rio), o bairro de Santa Teresa, a noite da Lapa tomando chope em copo de plástico de pé, vai ao Circo Voador (casa de shows) assistir a alguma apresentação de uma banda brasileira de reggae de raiz e costuma gritar "toca Raul" nos shows?

Posso estar errado, mas a impressão que eu tive da tal banda do filho do Gil foi essa. Sei que a maresia leva a este estado de espírito largadão, tranks, "beleza?" e etc; mas o som que este tipo de atitude, comportamento proporciona geralmente não acrescenta nada.

Normalmente, rola um tremendo dejaouvi maleta. [o pior é que muitas outras bandas brazucas, que não fazem este tipo de som, também adotam este look "largadão de ser"]

Estou sendo preconceituoso, eu sei, mas só no que se refere ao visual da banda. Para qualquer jovem americano ou do Reino Unido, por exemplo, o visual é um complemento do som da banda. É uma coisa tão importante quanto a música.

Não se justifica um preconceito pelo fato do cara ser filho do Gilberto Gil. É claro que este fato facilita a divulgação do trabalho artístico; mas se a banda for boa, só teremos a ganhar com a divulgação do trabalho.

Quando surgiu, o Strokes era citado como "a banda do filho do John Casablancas" - fundador da Elite Model - e depois conquistou o seu espaço por ser uma banda phoda (!).

Aliás, o visual do Strokes diz muito sobre eles. De uma maneira geral, músico brasileiro não se preocupa muito com o visual (e o vocal também) da banda. "Você toca? Toco. Vamos montar uma banda? Vamos!" E pronto.

Criatividade não tem nada a ver com ter grana. Como se sabe, os punks ingleses criaram um estilo em meio ao desemprego e a crise financeira que se abateu sobre a Inglaterra no final da década de 70.

Como o atual cenário da música no Brasil (em todos os gêneros) é desanimador, torço para estar equivocado. Neste caso, por puro preconceito, terei perdido uma boa banda brasileira em início de carreira.


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