Enviei um e-mail ao jornalista Joaquim Ferreira dos Santos com comentários sobre a sua crônica "Jardim das Obsessões - Aproveitando que Paul McCartney está por aqui", na qual revela que o baixista é o seu Beatle favorito.
Na semana seguinte, fui surpreendido pelo fato de o colunista de O Globo ter respondido o meu e-mail. Não, a resposta não foi parar na minha caixa postal e sim na sua famosa crônica das segundas-feiras.
Há um bom tempo, o jornalista Arthur Dapieve escreveu sobre a emoção que sentiu, ao ouvir o narrador esportivo José Carlos Araújo disparar na Rádio Globo: "Olha o Fogão de novo! O Botafogo do Arthur Dapieve se manda vai embora! Vai mais, vai mais, vai mais garotinho...".
Confesso que ao ler o meu nome e algumas linhas minhas na crônica do Joaquim, tive o mesmo sentimento.
Abaixo, um trecho da crônica do jornalista:
"De Alexandre Guimarães: 'Paul é o maior melodista do pop/rock (ou o que seja) e escreveu canções lindas de doer, sem as quais os Beatles não teriam sido os Beatles em termos de mainstream, em termos de alcançar um público off-rock - como você, Joaquim, e este fato talvez explique a sua preferência.'
Alexandre, não sou só off-rock. Eu vivo em off. Principalmente em off-jornalismo. Um bando de gente me liga o dia inteiro, falando coisas do arco da velha, mas sempre com a ressalva de que é em off.
Com alguns eu ainda tenho um humor Lennon de ser. Digo que o distinto só pode ter mamado um litro de Orloff e que off mesmo só a minha patroa, Offélia.
Mas a vida é muito curta para brigas e implicâncias, Alexandre, e espero que você perceba que estou citando o Lennon em 'We Can Work It Out'. Quando me pedem off, eu sorrio feito o 'Fool on The Hill'. Faço o tolo. A todos agradeço penhoradamente."
Na sequência, o meu e-mail para o jornalista, colunista e cronista:
Caro Joaquim Ferreira dos Santos, uns preferem o John, outros o Paul e outros ainda o George. Deve existir quem curta mais o Ringo (foto) pelo seu humor - é possível.
No entanto, o que eu não curti foram os seus argumentos na defesa da sua preferência por Paul McCartney - a qual respeito.
Você diz que Dilma Rousseff deve preferir John Lennon por causa do "Power to The People" de Lennon. Isso quer dizer que você tem a Dona Dilma em alta conta. A futura presidente deve ter ficado feliz ao ler a sua crônica.
No entanto, você associa a nossa futura mandatária à música "Revolution" de John Lennon. Sugiro que você ouça com atenção a letra desta música dos Beatles.
Como se sabe, Dilma Rousseff lutou contra a (maldita) ditadura militar usando (bravamente) o instrumental da luta armada. Detalhe: eu não votei em Dilma Rousseff, mas admiro o passado político da nossa futura presidente.
A letra de "Revolution" nada tem a ver com luta armada. Pelo contrário !!!
Você escreve: "O gordinho (John) adorava uma demagogia...". Se um desses garotos, colegas seus de redação, tivesse escrito esta frase, eu entenderia e nem perderia o meu tempo escrevendo um e-mail ao Globo.
Entretanto, você - logo você (!) - se refere à "demagogia" em uma época na qual uma coisa como "ideologia" (atualmente old fashion) norteava tantas vidas ???
Quanto a "gordinho", só pode ser uma brincadeira sua com o fato de, quando viúva, Yoko Ono ter revelado que o magro John Lennon era encanado com a sua barriga.
"O homem era bom de mídia", você escreveu. Mais uma vez, você se esqueceu de que por causa destes questionamentos políticos, John Lennon foi fichado e perseguido implacavelmente na época da... ...Guerra Fria !!! E terminou assassinado sabe-se lá por quais motivos.
Você continua: "John não era muito de estúdio...". Caro Joaquim, você tem ideia do que faziam George Martin, John, Paul e George Harrison dentro de um estúdio ???
Do quanto eles brigavam por causa de ideias, arranjos e tecnologia. Do quanto eram obsessivos e malucos em elaborar o trabalho dentro de um estúdio?
Você escreveu: "John, quando ficou sozinho, regravou os rocks da infância... ..., insatisfeito com a revolução musical que Paul, o único ligado nas vanguardas da época, liderou nos Beatles".
O genial e super talentoso maestro Paul McCartney elaborava arranjos maravilhosos, belíssimos para as suas músicas. O "maluco" e vanguardista John Lennon quebrava a cabeça "viajando" em arranjos psicodélicos e revolucionários para aquela época.
Paul é o maior melodista da música pop/rock (ou o que seja) e escreveu canções lindas de doer e hits sem os quais os Beatles não teriam sido os Beatles em termos de grande público (mainstream), em termos de alcançar um público off-rock - como você, Joaquim.
[e este fato talvez explique tudo; talvez explique a sua preferência]
Mas se dependesse de Paul McCartney, os Beatles nada teriam de revolucionários, meu caro Joaquim.
Que fique bem claro que eu amo o trabalho imortal de Paul McCartney e acho a coisa mais natural do mundo uns preferirem um, outros preferirem outro e outros ainda preferirem o genial George (ou o Ringo - pelo senso de humor dele, sua bateria ou os seus poucos vocais em algumas faixas).
Os seus argumentos para justificar a sua preferência são equivocados (ouso afirmar isso), pelo fato de você desconhecer os Beatles ou por não ser afeito a rock e afins (ou mesmo não gostar deste gênero).
Querido Joaquim (e aqui, o "querido" é sem qualquer ironia), prefiro quando você escreve sobre as Vedetes.
Guardei com carinho a sua magnífica crônica "Vedetes" - Do baú do cronista, em homenagem ao musical sobre Sonia Mamede".
Poeticamente, esta sua crônica gera um efeito de porrada na cara em toda a hipocrisia e moralismo de pais, avós, tios velhos e parentes ridículos.
“Vedetes – Do Baú do Cronista...” não foi uma bela melodia. Para mim, ela foi rock, metal, punk e o diabo a quatro !!!
Um forte abraço, Alexandre Guimarães.
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terça-feira, 30 de novembro de 2010
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