quinta-feira, 3 de novembro de 2011

O Carioca Aécio Neves

Quer dizer que o Senador por Minas Gerais, Aécio Neves, atuou como um aliado do Rio de Janeiro na votação dos royalties do pré-sal?


Teria o nobre senador colocado o senso de justiça acima das questões regionais?


Aécio Neves se lançou candidato ao senado, prometendo defender os interesses de Minas Gerais na questão dos royalties do pré-sal e mudou de posição quando eleito?


[estou fazendo mais perguntinhas do que a historiadora Mary Del Priore no seu último livro]


Para quem, como eu, cresceu ouvindo o pai dizer "não me envergonho de me desdizer, porque não me envergonho de raciocinar", não seria nada condenável essa surpreendente mudança de posição do político mineiro.


Mas pera aí; essa reflexão paterna não pode ser aplicada a um político que defende uma posição em campanha, se elege e vota na posição contrária a defendida por ele durante a eleição.


Os eleitores desse político poderão se sentir traídos.


Não me atrevo a dar opinião ou pensar sobre questão tão polêmica, embora adore uma, e no entanto não me contenho a achar (de forma pouco pensada e irresponsável) que se deva diminuir os abismos, as diferenças sociais e econômicas entre os Estados da Federação.


Assim como, me parece absurdo os dois estados produtores terem que pagar aos demais estados os valores já recebidos - como me lembra com propriedade e conhecimento o advogado Nelson Medrado Dias.


Voltando ao mutante senador mineiro, confesso que sempre senti pena dele.



Ao vê-lo engravatado, circulando por sóbrios ambientes atapetados, cercado de sisudos senhores, enterrado em infinitas reuniões, já me peguei pensando que o político mineiro seria muito mais feliz como dono de um restaurante carioca, por exemplo.


Sim, imaginem a cena comigo: Aécio Neves dono de um restaurante na Dias Ferreira, no Leblon, chegando ao estabelecimento às 16 horas, depois de pegar uma prainha e antes de ir à academia malhar.


Usando uma bermuda no style, tomando aquela água-de-coco, andando de bike no bairro, pegando geral.


Para quem não mora aqui no Estado e não sabe, o senador Aécio Neves vive no Rio de Janeiro. Em certos períodos, o político mineiro é quase como o Rabugento, o hilário cachorro Mumbly (foto) dos desenhos animados: está em toda a parte. Em toda a parte e ao mesmo tempo - como o Rabugento.


Ele pode ser visto na praia de Ipanema - sempre em frente ao edifício Cap Ferrat -, na quadra da Mangueira, bebendo no Jobi (famoso bar do Leblon), jantando no Baixo Gávea (centro boêmio), ou sendo parado pela blitz da Lei Seca - vindo do bairro da Barra - e se recusando a fazer o teste do bafômetro.


Nem os mandatos de deputado federal ou governador de Minas Gerais arrefeceram a onipresença carioca de Aécio Neves. Sempre acompanhado de belas mulheres, ele segue intrépido em plagas cariocas.


Ah, essa minha imaginação indomável... ..."o que eu vou ser quando crescer? Político? Política é chato pra caralho. Mas o meu avô é respeitado e famoso. Vou entrar na política!"


E o Rio de Janeiro perdeu mais um filho que se faria adotado...


Uma pena, porque sou simpático ao "Lugar Nenhum" dos Titãs. Devemos procurar o nosso lugar, que nem sempre é onde nascemos ou até moramos.


Eu, por exemplo, seria muito mais carioca se gostasse de praia com Sol, gostasse de calor (que odeio), curtisse funk carioca ou pagode, frequentasse quadra de Escola de Samba o ano inteiro, gostasse de Carnaval, fosse adepto da pouca roupa (ou nenhuma), trocasse as botas por chinelos, pegasse um bronzeado, tivesse pouco ou nenhum rigor com compromissos e horários,




fosse à academia com o prazer de quem vai a um evento social, torcesse pelo time da maioria, as minhas roupas não fossem acromáticas, curtisse as gírias cariocas que invariavelmente tem acento playboy e outlaw, embarcasse com facilidade em modismos e, principalmente, se fosse mais relax e menos crítico.


Então, por que não saio do Rio? Ao contrário do senador mineiro, não tenho um sobrenome que me prenda ao estado, mas questões particulares (no departamento amoroso) me impedem de tal mudança.


Entretanto, nem tudo está perdido. O parlamentar da terra do escritor Ruy Castro - que mora aqui no Rio e se diz torcedor fanático do time da maioria -, caso não conquiste à presidência da República, poderá em um futuro próximo se candidatar ao governo do Estado do Rio de Janeiro. [é só uma ideia]


Quanto a mim, terei uma tarefa muito mais difícil, muito mais árdua:


a elaboração e realização de um intenso lobby junto à namorada.



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