quarta-feira, 9 de junho de 2010

Uma Coluna Virtual - O Retorno

Vários fatores me afastaram daqui do Uma Coluna Virtual; mas, muito provavelmente, o principal deles foi um certo comentário: "pôxa, o seu antigo site era tão divertido; este Blog só tem detonação".


Ora, ora, escrevo eu... ...o objetivo dele é este mesmo! Pura função terapêutica que é lida por uma meia dúzia de três a quatro amigos.


Desde que o nobre e impoluto deputado Roberto Jefferson abriu a boca, passei a repensar o Brasil e as minhas posições políticas.


Além disso, o Brasil - de uma forma geral - está um saco (!!!) (e brega), mas isso é assunto para uma coluna específica. O que ocorreu é que tal comentário e o fato - muito importante - desta atividade aqui no Blog não ser remunerada, me afastaram legal.


Embora, eu tenha pensado em escrever sobre o excelente novo Woody Allen, por exemplo.


Há um bom tempo, li na seção "Há 50 anos" de O Globo, uma crítica - escrita, obviamente, há meio século - na qual um crítico tratava de forma banal uma obra-prima de... ...Alfred Hitchcock (!?).


Sempre que leio as críticas destes meninos sobre a mais nova obra-prima de Woody Allen, penso nelas daqui a 50 anos.


O tempo sempre me fascinou. Quando assisti no canal Max Prime ou HBO (não me lembro ao certo) o filme "Flight 666", documentário com a banda inglesa Iron Maiden, a "juventude eterna" foi o tema da vez a me alugar por uns dias.


O fime mostra a turnê mundial "Somewhere Back In Time". A banda percorreu 70 mil quilômetros em cinco continentes. Foram 23 shows em 45 dias.


Com 51 anos, o vocalista Bruce Dickinson é o mais novo da banda e o mais velho é o batera Nicko McBrain com bravos 56. O longa é empolgante e teve momentos nos quais fiquei exausto por eles.


Porra, os caras não tocam folk ou bossa nova. A energia, a ginástica, o esforço físico que é exigido de uma metal band é uma insanidade total.


Ok, oquei, você pode estar pensando em Sir Mick Jagger e seus 66 anos correndo de um lado para o outro em palcos imensos. Mas você pode imaginar também o vocalista dos Stones, que provou tantos excessos ao longo da vida, malhando e cuidando da saúde nos dias de hoje. As coisas mudam e até título de Sir ele aceitou (argh!).


Já os caras do Iron Maiden são típicos frequentadores de pub até hoje.


Passei a me lembrar disso às segundas-feiras, quando corro na praia e elimino os últimos resquícios etílicos...


Ainda no tema bebida, resolvi reler e assistir novamente "Hollywood" do Bukowski e "Barfly" do diretor Barbet Schroeder - que eu vi quando foi lançado no cinema em 1987. Acredito que o livro de Charles Bokowski é o melhor making-of já feito, além de deliciosa leitura.


No livro, é narrado todo o processo de feitura do filme em meio à loucura da indústria cinematográfica norte-americana.


Gostoso também foi, com a ajuda da Internet, descobrir quem eram as pessoas citadas pelo escritor em "Hollywood". Coincidência total estar lendo a passagem com a personagem Mack Austin, quase ao mesmo tempo em que era anunciada a morte da lenda Dennis Hopper.


O meu querido Liverpool, contrariando as minhas previsões, foi longe na Liga Europa. Uma semifinal que quase vira grande final. Gol dos Reds no tempo regulamentar, mais um na prorrogação, mas... ...um gol do Forlán na mesma prorrogação tirou o Liverpool da finalíssima.


O jogador uruguaio ficou livre na cara do gol, confirmando as minhas previsões a respeito do sistema defensivo extremamente deficiente do time de Merseyside.


O treinador Rafa Benitez foi dispensado depois de quatro títulos em seis anos à frente do time. Com o treinador espanhol, o time de Elvis Costello conquistou a Liga dos Campeões da Europa 2005, Supercopa Europeia 2005, Copa da Inglaterra 2006 e Supercopa da Inglaterra 2006.


Muitas alegrias, Rafa, mas uma em especial me motivou a voltar ao Blog.


Tempos atrás (bota tempo nisso), quando Wilson Simonal ainda não havia sido anistiado e algumas gerações nem sabiam de quem se tratava, resolvi propor a minha finada banda a regravação de "Nem Vem Que Não Tem" de Carlos Imperial, que foi gravada por Simonal.


A faixa entrou no nosso primeiro CD demo - como nosso único cover - e foi executada em vários shows. Era consumida como nossa - da banda Persônica. Ninguém a conhecia.


Saquei a parada e passei a dar o crédito antes da sua execução nos shows. Devo confessar que, para minha surpresa, nem os músicos me pediram para ouvir a versão original do Simonal.


Recentemente, entrei na Travessona de Ipanema, loja aqui no Rio, e me deparei com CD "Best of BB" (Mercury/Universal - importado) da Brigitte Bardot (foto). Comprei-o na hora.


Ouvindo em casa, muito prazer: uma delícia, charme puro e... ...o que eu ouço na 19ª e penúltima faixa do disco? "Nem Vem Que Não Tem" cantada por Ela !!! Na verdade, "Tu Veux ou Tu Veux Pas" (versão de Pierre Cour) em gravação de 1970.


Como já foi dito, "é impossível ser feliz sem alguma ignorância". Pois eu ignorava, desconhecia, não sabia, não podia imaginar que Ela havia gravado esta canção !!!


Por motivos óbvios, é claro que eu poderia ter feito um cover do cover. Mas por tudo o que relatei acima, senti como se Brigitte Bardot tivesse gravado algo meu.


E mais: já queimei um CDzinho com a gravação definitiva de Wilson Simonal, a competente versão da Persônica e, fechando o disco, a versão super charmosa do mito Brigitte Bardot.


É impossível ser feliz sem alguma inocência.


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