terça-feira, 30 de novembro de 2010

Correspondência Trocada com o Joaquim Ferreira dos Santos do Segundo Caderno

Enviei um e-mail ao jornalista Joaquim Ferreira dos Santos com comentários sobre a sua crônica "Jardim das Obsessões - Aproveitando que Paul McCartney está por aqui", na qual revela que o baixista é o seu Beatle favorito.


Na semana seguinte, fui surpreendido pelo fato de o colunista de O Globo ter respondido o meu e-mail. Não, a resposta não foi parar na minha caixa postal e sim na sua famosa crônica das segundas-feiras.


Há um bom tempo, o jornalista Arthur Dapieve escreveu sobre a emoção que sentiu, ao ouvir o narrador esportivo José Carlos Araújo disparar na Rádio Globo: "Olha o Fogão de novo! O Botafogo do Arthur Dapieve se manda vai embora! Vai mais, vai mais, vai mais garotinho...".


Confesso que ao ler o meu nome e algumas linhas minhas na crônica do Joaquim, tive o mesmo sentimento.


Abaixo, um trecho da crônica do jornalista:


"De Alexandre Guimarães: 'Paul é o maior melodista do pop/rock (ou o que seja) e escreveu canções lindas de doer, sem as quais os Beatles não teriam sido os Beatles em termos de mainstream, em termos de alcançar um público off-rock - como você, Joaquim, e este fato talvez explique a sua preferência.'


Alexandre, não sou só off-rock. Eu vivo em off. Principalmente em off-jornalismo. Um bando de gente me liga o dia inteiro, falando coisas do arco da velha, mas sempre com a ressalva de que é em off.  


Com alguns eu ainda tenho um humor Lennon de ser. Digo que o distinto só pode ter mamado um litro de Orloff e que off mesmo só a minha patroa, Offélia.  


Mas a vida é muito curta para brigas e implicâncias, Alexandre, e espero que você perceba que estou citando o Lennon em 'We Can Work It Out'. Quando me pedem off, eu sorrio feito o 'Fool on The Hill'. Faço o tolo. A todos agradeço penhoradamente."


Na sequência, o meu e-mail para o jornalista, colunista e cronista:


Caro Joaquim Ferreira dos Santos, uns preferem o John, outros o Paul e outros ainda o George. Deve existir quem curta mais o Ringo (foto) pelo seu humor - é possível.


No entanto, o que eu não curti foram os seus argumentos na defesa da sua preferência por Paul McCartney - a qual respeito.


Você diz que Dilma Rousseff deve preferir John Lennon por causa do "Power to The People" de Lennon. Isso quer dizer que você tem a Dona Dilma em alta conta. A futura presidente deve ter ficado feliz ao ler a sua crônica.


No entanto, você associa a nossa futura mandatária à música "Revolution" de John Lennon. Sugiro que você ouça com atenção a letra desta música dos Beatles.


Como se sabe, Dilma Rousseff lutou contra a (maldita) ditadura militar usando (bravamente) o instrumental da luta armada. Detalhe: eu não votei em Dilma Rousseff, mas admiro o passado político da nossa futura presidente.


A letra de "Revolution" nada tem a ver com luta armada. Pelo contrário !!!


Você escreve: "O gordinho (John) adorava uma demagogia...". Se um desses garotos, colegas seus de redação, tivesse escrito esta frase, eu entenderia e nem perderia o meu tempo escrevendo um e-mail ao Globo.


Entretanto, você - logo você (!) - se refere à "demagogia" em uma época na qual uma coisa como "ideologia" (atualmente old fashion) norteava tantas vidas ???


Quanto a "gordinho", só pode ser uma brincadeira sua com o fato de, quando viúva, Yoko Ono ter revelado que o magro John Lennon era encanado com a sua barriga.


"O homem era bom de mídia", você escreveu. Mais uma vez, você se esqueceu de que por causa destes questionamentos políticos, John Lennon foi fichado e perseguido implacavelmente na época da... ...Guerra Fria !!! E terminou assassinado sabe-se lá por quais motivos.


Você continua: "John não era muito de estúdio...". Caro Joaquim, você tem ideia do que faziam George Martin, John, Paul e George Harrison dentro de um estúdio ???


Do quanto eles brigavam por causa de ideias, arranjos e tecnologia. Do quanto eram obsessivos e malucos em elaborar o trabalho dentro de um estúdio?


Você escreveu: "John, quando ficou sozinho, regravou os rocks da infância... ..., insatisfeito com a revolução musical que Paul, o único ligado nas vanguardas da época, liderou nos Beatles".


O genial e super talentoso maestro Paul McCartney elaborava arranjos maravilhosos, belíssimos para as suas músicas. O "maluco" e vanguardista John Lennon quebrava a cabeça "viajando" em arranjos psicodélicos e revolucionários para aquela época.


Paul é o maior melodista da música pop/rock (ou o que seja) e escreveu canções lindas de doer e hits sem os quais os Beatles não teriam sido os Beatles em termos de grande público (mainstream), em termos de alcançar um público off-rock - como você, Joaquim.


[e este fato talvez explique tudo; talvez explique a sua preferência]


Mas se dependesse de Paul McCartney, os Beatles nada teriam de revolucionários, meu caro Joaquim.


Que fique bem claro que eu amo o trabalho imortal de Paul McCartney e acho a coisa mais natural do mundo uns preferirem um, outros preferirem outro e outros ainda preferirem o genial George (ou o Ringo - pelo senso de humor dele, sua bateria ou os seus poucos vocais em algumas faixas).


Os seus argumentos para justificar a sua preferência são equivocados (ouso afirmar isso), pelo fato de você desconhecer os Beatles ou por não ser afeito a rock e afins (ou mesmo não gostar deste gênero).


Querido Joaquim (e aqui, o "querido" é sem qualquer ironia), prefiro quando você escreve sobre as Vedetes.


Guardei com carinho a sua magnífica crônica "Vedetes" - Do baú do cronista, em homenagem ao musical sobre Sonia Mamede".


Poeticamente, esta sua crônica gera um efeito de porrada na cara em toda a hipocrisia e moralismo de pais, avós, tios velhos e parentes ridículos.


“Vedetes – Do Baú do Cronista...” não foi uma bela melodia. Para mim, ela foi rock, metal, punk e o diabo a quatro !!!


Um forte abraço, Alexandre Guimarães.



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sábado, 23 de outubro de 2010

O Dia de Dar Parabéns ao Pelé e a Mim


O Presidente da República disse que "desde que voltou (sic) as eleições diretas para presidente, que o meu nome não vai estar na cédula. Vai haver um vazio naquela cédula".

 
Já eu, desde que me entendo por gente, costumo ter a companhia de Pelé no meu aniversário.
 

Explico: comemoramos, eu e o Pelé, aniversário no mesmo dia 23 de outubro. Uma honra para mim. Faço aniversário no mesmo dia do Rei do Futebol Mundial (sim, cheio de maiúsculas em reverência).

 
E tome de matérias na imprensa sobre o Rei nas vésperas do seu (nosso) aniversário. Principalmente em datas cheias como esta, quando o Rei completa 70 anos de vida.

 
Pouco importa que Maradona tenha sido o melhor jogador de futebol que eu vi jogar, com estes olhos que a terra e os vermes dela irão comer um dia (isso, se eu não for cremado).

 
Pelé foi o melhor, porque existem números que provam esta afirmação. Craques fora de série existiram alguns poucos, mas nenhum conquistou os títulos que o nosso Pelé conquistou.

 
Isto é fato e ponto. Pelé não conquistou a UEFA Europa League com um time sem tradição nesta competição e com um elenco apenas bom, como o Maradona conquistou, porque não disputou esta competição.

 
No entanto, o Santos de Pelé derrotou dois campeões europeus no Bicampeonato da Copa Intercontinental de Clubes em 62 e 63.

 
Maradona conquistou apenas uma Copa do Mundo de seleções - praticamente sozinho - com um time medíocre, mas Pelé conquistou três Copas do Mundo cercado de cracaços (e pouco importa que, em uma delas, ele tenha ficado de fora logo no início, por ter sido covardemente agredido).

 
Pegue Garrincha, Didi, Gérson, Puskas, Di Stéfano, George Best, Beckenbauer, Cruiff, Zidane e mais alguns poucos.

 
Junte todos estes cracaços espetaculares e dê pontos para os campeonatos conquistados por cada um deles: Pelé ganhará.

 
Os números provam. Pelé: o melhor entre os imortais neste esporte.

 
Antes de Maradona assumir o posto de "rival" de Pelé nesta discussão "quem foi o melhor" - que anteriormente era ocupado pelo Garrincha aqui no Brasil -, o brasileiro não demonstrava muita gratidão ao melhor camisa 10 do Santos. [na verdade, antes desta "disputa" com Maradona, o Brasil não reverenciava muito o Pelé]

 
Um fato em especial contribuiu para esta atitude do brasileiro.

 
Anos 70, a maldita ditadura militar brasileira prendia e grassava solta, quando um grupo de políticos, intelectuais, artistas e a oposição do MDB - atenção garotada: este aí nada tem a ver com o PMDB de agora - resolveu fazer um manifesto/reunião pela volta das eleições diretas (talvez, o primeiro embrião das "Diretas Já" de bem mais tarde).

 
Colchetes: [posso não estar sendo muito preciso; não consultei nada e estou escrevendo guiado pela minha memória - se não, a coisa toda fica chata e a minha memória se sentirá desvalorizada e poderá reclamar no próximo fim de semana em uma mesa de bar]

 
Pelé era a estrela do encontro e nele declarou o seu famoso e desastroso: "o povo brasileiro não sabe votar".

 
Sim, ele tinha e tem razão, mas o momento da tal observação não poderia ter sido o pior possível.

 
Os militares adoraram...

 
Por tudo o que já contei no post anterior deste Blog, não preciso dizer que o Imortal e Mitológico Pelé não era o meu herói favorito na minha juventude.

 
Maradona com a sua ascensão e "queda", suas provocações ao poder (em plena Copa na Itália, dividiu o país provocando um "classe contra classe", críticas à FIFA e etc), transgressões no melhor estilo rock star, amizades políticas (conquistadas e mantidas por ele: um jogador de futebol), sua dramaticidade e passionalidade, suas conquistas quase que solitárias (em times ruins ou medianos), me empolgavam, empolgaram mais a minha juventude.

 
Mas o fato é que eu faço aniversário com o Rei. E todo ano, toda a mídia brasileira me lembra disso.

 
Dizem que brasileiro não tem memória. A imprensa brasileira privilegia alguns poucos personagens e fatos históricos e, por isso, estes não são esquecidos pelo povo.

 
Mas o que nenhum familiar, amigo(a), conhecido(a) meu (minha) sabe e por isso não associa ao dia 23 de outubro do meu aniversário é que neste dia...

 
...Santos Dumont assombrou Paris e o mundo !!!
 
 
Sim, queridões e queridonas, no dia 23 de outubro de 1906 no campo de Bagatelle, em Paris, o "Oiseau de Proie II" ("Ave de Rapina" em francês, que nada mais era do que o "14 Bis" transformado) decolou usando seus próprios meios e sem o auxílio de dispositivos de lançamento.
 
 
Ou seja, o visionário, romântico e elegante herói brasileiro Santos Dumont inventara o avião !!!
 
 
Mas tal fato histórico foi mal e insuficientemente lembrado apenas em 2006 - ano do centenário desta revolução - pela mídia brasileira, que todo o ano lembra do aniversário do rei do futebol.
 
 
Brasileiro é tão filho da puta, ops, quer dizer... ...brasileiro é tão irreverente que faz gozação com Alberto Santos Dumont dizendo que ele era afetado, gay e coisas deste tipo.
 
 
A opção sexual dele era opção dele, mas na verdade Santos Dumont era sofisticado e tirava onda com as mulheres parisienses, que eram fascinadas por ele. Vários historiadores já escreveram ou comentaram sobre este aspecto.
 
 
Por exemplo: Santos Dumont tinha vaga cativa em um sofisticado restaurante parisiense. A vaga a qual me refiro era uma vaga para estacionar o seu veículo. No caso... ...um balão !!! Historiadores relatam que quando o aeronauta mineiro chegava, era a atração do lugar.
 
 
Santos Dumont foi uma das mais destacadas celebridades internacionais do seu tempo.
 
 
Estes comentários dos brasileiros se assemelham muito ao que já foi relatado pelo jornalista gaúcho Eduardo Bueno, o Peninha, em relação ao preconceito envolvendo as cidades de Campinas, em São Paulo, e Pelotas no Rio Grande do Sul - entre outras.
 
 
No início do século passado, algumas famílias financiavam a ida de seus filhos à Europa para estudar. Esses filhos voltavam mais sofisticados e os ressentidos, que ficavam por aqui, tachavam os jovens, que retornavam com diplomas e alguma sofisticação, de viados.
 
 
Pois era para existir uma estátua de Santos Dumont em cada bairro brasileiro. Além do seu gênio e elegância, Santos Dumont teve um fim heróico romântico - que em nada se parece com o destino da nação de desonestos na qual ele nasceu.
 
 
E ainda existe o fato de podermos marcar posição política contra a grande potência, que, por interesse próprio, não o reconhece - apesar das evidências históricas.
 
 
Mas se não se recordam de Santos Dumont no dia 23 de outubro, poderiam ao menos lembrar, fazer uma materiazinha na imprensa um ano ou outro sobre...
 
 
...Carlos Lamarca !!!
 
 
Sim, o militar e guerrilheiro carioca nasceu no dia do meu aniversário.
 
 
Aí, eu reconheço que seria querer demais. O HD da memória brasileira já está bastante comprometido com cinco Copas do Mundo e é melhor não inventar ou mudar o foco.
 
 
Mas eu confesso que achei bem maneiro, saber que nasci no mesmo dia da minha top model favorita.
 
 
A hiper mega super top model paulista Izabel Goulart (foto) nasceu no dia 23 de outubro.



Ela, a dona da viradinha com olhada pra trás mais sexy da história das passarelas, faz aniversário nesta data.
 
 
Que mané Pelé que nada...
 
 
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quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Leonel Brizola, Lula, o PT e Marina


Marina Silva é legal. Marina Silva é correta. Marina Silva foi analfabeta até os 16 anos e hoje fala um português corretíssimo - ao contrário do Presidente da República.


No entanto, por que Marina Silva não me empolga? Pensei, pensei e cheguei a uma conclusão: porque eu fui Brizolista !!!
 
 
Na época da ditadura militar, só havia duas posições possíveis: a favor ou contra. Indiferença era conivência. Havia medo, coragem e esperança. Cresci neste ambiente. Fiz-me a favor do contra. Leonel Brizola (foto) personificava tudo o que um jovem como eu ansiava.
 
 
Na década de 80 do século passado, eu estudava na PUC e frequentava os pilotis da faculdade carregando livros e trajando jeans, suspensórios, boot, bótons da banda punk hardcore Dead Kennedys, de Fidel Castro e lenço maragato com bótom do PDT no laço.
 
 
Sim, eu era uma figuraça. E adorava isso. Depois de tanto tempo, mal ou bem, mesmo sob uma ditadura de direita, eu podia me expressar - e estava na idade da afirmação total.
 
 
E tome provocação: na PUC, símbolos brizolistas eram odiados por católicos, judeus (sim, existiam muitos judeus na universidade católica), direitistas, padres, playboyzinhos, budistas, comunistas, conservadores e principalmente pelos petistas.
 
 
Eu não conseguia entender, mas o principal adversário do PDT do Brizola era o PT. Os estudantes petistas odiavam o líder pedetista tanto ou mais do que os militares que estavam no poder e que se opunham à democracia (e ao Brizola).
 
 
Os petistas se consideravam os mais "puros". Eles não costuravam alianças. Eles não eram populistas. Eles tinham um excelente programa de governo para o Brasil.



Eles possuíam nos seus quadros brilhantes acadêmicos, artistas, comunistas, revolucionários, a vanguarda, os militantes esclarecidos, socialistas, movimentos sociais, sindicatos anti-pelegos, jovens com esperança.
 
 
Nós, os brizolistas, éramos um bando de fanáticos atrás de um líder popular. Eu tinha inveja deles. Eu me considerava um punk comunista que sonhava com tudo o que eles, os petistas, já possuíam em termos de partido político, para ser somado ao nosso líder - que era muito mais carismático e por isso, ao contrário deles, já havia conquistado a massa.
 
 
Eles estavam cercados por intelectuais e estudantes, mas ainda sonhavam com o povo. O PT era um partido nanico. Competia e não ganhava. Seus jovens militantes da classe média exibiam estrelinhas vermelhas na lapela e promoviam festas hipongas com muita Janis Joplin e bata indiana. Eram vanguarda na política e retrô na cultura e estética (já naquela época).
 
 
Eu achava essa gente insuportável. Bichos grilos arrogantes em nome do povo.
 
 
Entretanto, um brizolista tinha mais com o que se preocupar do que com o nanico PT: militares, o Governo Federal, a mídia em geral, a classe dominante, reacionários diversos, a Rede Globo daquela época... Um massacre que era desafiado pela massa, que se mantinha leal ao "Engenheiro".
 
 
Certa vez, seguia para a PUC no meu querido Opala (conhecido pelos meus amigos como "Brizopala", por causa de um adesivo vermelho com o nome do político gaúcho no vidro traseiro).
 
 
Em Ipanema, um guarda fez sinal para eu parar. Pediu os meus documentos e vendo que estava tudo certo, me liberou; mas, antes, me disse em um tom sinistrão: "quando você estiver com esse adesivo aí no vidro, procure andar com a documentação toda em dia. Vai ser melhor pra você...".
 
 
Enquanto isso, o Governador Brizola determinava a distinção entre o tratamento dado pela polícia aos bandidos e aos trabalhadores que moravam nas favelas; além de estatizar linhas de ônibus ineficientes e autorizar que uma certa linha exclusiva cruzasse o Túnel Rebouças, para ganhar tempo e permitir que os trabalhadores de Ipanema e Leblon pudessem dormir um pouco mais todos os dias.
 
 
Revolta geral: como ficariam os dois bairros, as praias cariocas com aquela "gentalha" nos fins de semana? E tome de discussão nos bares da Zona Sul e na PUC. E tome de porrada no Brizola.
 
 
Uma vez, ouvi um indignado empresário - amigo e cliente do meu pai - dizer que com os Cieps - os famosos Brizolões - muitos pais seriam desrespeitados pelos filhos, que diriam: "não devo nada a você. Quem pagou a minha educação foi o Brizola."
 
 
Caro(a) internauta, se você tem pouca idade, não deve imaginar o quanto Leonel de Moura Brizola foi atacado e perseguido. A imprensa pesquisava, o SNI vasculhava, nada se descobria; então, mentiras eram divulgadas ("ele fugiu para o Uruguai vestido de mulher; antes de ir, ele pisou na bandeira brasileira..."), mas o povão continuava ao lado dele.
 
 
Os íntegros petistas se aliavam a todo tipo de ataque (viesse de quem viesse) ao Governador Brizola. Eu achava esta atitude uma burrice. Afinal, tínhamos um inimigo em comum: a ditadura militar brasileira. Tirando este fato, eu os admirava em segredo.
 
 
O PT seguia o seu curso solitário e íntegro: criou problema para assinar a Constituição de 1988, motivo de luta de tantos e do Dr. Ulysses Guimarães, e antes ainda se recusou a votar em Tancredo Neves em uma eleição indireta - que se apresentava como a única maneira de expulsar os militares do poder e retomar a democracia.
 
 
Era absurdo, era irracional era burro até, mas era radical e apontava para uma reserva moral com futuro. "No futuro, quando eles crescerem, teremos homens e mulheres íntegros a comandar o país" - eu pensava.
 
 
Tempos depois, uma diferença mínima de votos, que quem sabe algum dia se descubra como irregular, e o Lula vai ao segundo turno com o Collor. Uma vergonha o desempenho do petista nos debates. Collor confiante sem ter que enfrentar a verve do pedetista.
 
 
Brizola apóia Lula no segundo turno das eleições em troca de apoio no pleito seguinte para o Governo do Rio de Janeiro. O PT rasga o acordo e lança candidatura própria, que foi arrasada pela eleição no primeiro turno de Leonel Brizola.
 
 
Ali, foi um lugar e um momento feliz para nós brizolistas: um segundo mandato do "Engenheiro" no Estado do Rio. Um "não rotundo" a tudo e a todos que atrasavam o Brasil.
 
 
No entanto, muito tempo depois, o PT chegou ao poder, Brizola morreu e o Deputado Roberto Jefferson abriu a boca.
 
 
Minha primeira preocupação foi com a minha irmã mais nova. Explico: ela passou toda a vida a dividir comigo o sonho de ver a esquerda brasileira no poder. Não seriam alguns canalhas, que iriam desmoralizar um sonho que eu ajudei a construir nela.
 
 
Procurei explicar a minha irmã que "trintinha" no bolso de alguns parlamentares corruptos sairia até barato, porque garantiria a aprovação - num congresso travado - das medidas necessárias para o bem da maioria, blá, blá, blá.
 
 
Mas à medida que Bob Jeff abria a boca e outros cantavam com ele, as sujeiras apareciam. Apareceram. E foram muitas. E foi um mar de lama. Uma sujeira. Uma podridão!
 
 
E eu que admirava tanto o José Dirceu, o gênio da esquerda brasileira... ...o José Genoíno, o galã de fronte alta da esquerda do país... Que nojo!
 
 
Chega! O Brasil morreu pra mim! Fui ler e reler. Chega de Marx! Freud é que é o Gênio da Raça! Chega de comunismo e comunistas!
 
 
Novos escândalos de corrupção surgiram (além do anterior e assustador Caso Celso Daniel que ganhou mais luz). Hoje, qual é a diferença entre o PT, o PMDB e o PSDB? Qual é a política de educação do governo Lula? Brizola era populista? O que é o Bolsa Família?
 
 
Por que depois da participação ativa de artistas, intelectuais e acadêmicos para se vencer o preconceito dos reacionários contra um presidente analfabeto, o Ministério da Cultura só tem um orçamento maior do que o da Pesca?
 
 
A decepção com o PT acabou com a militância espontânea. Hoje, só pagando aqueles infelizes que distribuem panfletos e, melancólicos, agitam bandeiras.
 
 
Os sindicatos estão calados. Os jovens, os estudantes nos grêmios estudantis, nos DCEs das faculdades não se manifestam mais. Os estudantes, repito: os estudantes ("profissionais") estão atados e calados.
 
 
A corrupção está no DNA do brasileiro. Ela é cultural no Brasil. Se o Plano Real está sendo corretamente mantido, eu compro eletrodomésticos e tenho crédito nas Casas Bahia, que roubem à vontade! Sempre se roubou. Esta corrupção é diferente: ela é de esquerda. Uma corrupção ideológica.
 
 
Voltei a ler sobre a colonização brasileira. A história é a psicanálise dos povos.
 
 
Marina Silva é legal. Marina Silva é correta. Marina Silva foi analfabeta até os 16 anos e hoje fala um português corretíssimo.



Mas não contem mais comigo.



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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Também de Volta ao Metal


O jornalista Arthur Dapieve escreveu uma crônica na qual dizia estar novamente ouvindo metal. Quase não acreditei e fiquei muito satisfeito quando li "De preto, de novo - Crônica de um reencontro com o metal" do colunista de O Globo.

 
A minha incredulidade se deu porque, assim como o Dapieve, também não sou mais garoto e a satisfação foi pelo fato de estar acompanhado de um cara inteligente neste meu retorno.
 

Sim, eu também voltei a ouvir metal e afins.
 

Tudo começou no ano passado. Se em 2007, este colunista virtual aqui descobriu (antes tarde do que nunca) o jazz - e por isso entendeu (entendi) muito melhor o blues, soul, funk, rock e seus inúmeros subgêneros - em 2009, o som pesado tomou de vez novamente o meu lazer no meu laser, minha agulha e plays diversos.

 
No Brasil, ainda existe uma associação imediata do "baixo-bateria e guitarra" com juventude.


Neil Young carrega a juventude no nome e na disposição com a qual encara os palcos; mas, basta dar uma olhada em parte considerável da sua plateia (e nele mesmo) para sacar que todo aquele barulho é a "bossa nova" deles.

 
Entretanto, não há como negar que heavy metal e afins estão diretamente ligados a hormônios em fúria. Então, por que dois caras inteligentes e maduros voltam com tudo a ouvir metal?
 

Na sua excelente crônica, com cinismo e humor, Arthur Dapieve atribui este fato a uma possível crise de meia-idade. É possível, é possível.


Além disso, me lembrei que sempre que o rock e afins vivem um hiato criativo, que não surge nada realmente estimulante ou novo, caio de cabeça na distorção e peso extremo. O que não deixa de ser uma crise.
 

Na década de 80, quando enciumado assisti a várias bandas queridas minhas entrarem tardiamente no mainstream bagaça brasileiro (mídia e público) - que as ignorava ou rejeitava -, o punk 77, o hardcore e o punk suburbano brasuca, de Sampa e Brasília, passaram a ocupar a minha agulha - em tempos pré-som digital.
 

Ou seja: consegui ser pós-punk antes de virar punk...

 
Naquela época, depois de um bom tempo de sujeira, crítica social e velocidade, o metal foi o meu caminho natural. Descobri o thrash metal nos seus primórdios, quando os metalheads sacaram que era preciso deixar um pouco de lado o teatro de horror e adicionar porrada no sistema e rapidez no peso.
 

Ah, como fui feliz - ao contrário dos meus vizinhos.
 

Lembro-me até hoje do impacto que senti ao ouvir "Merciless Onslaught" do Metal Church - faixa A/3 do álbum homônimo.
 
 
[não posso deixar de ser grato ao meu querido amigo Renato Marques de Freitas, que nas suas viagens regulares à America e ao Velho Continente, trazia na bagagem as minhas encomendas. Tenho uma recordação afetiva do cheiro dos vinis da minha amada banda de hardcore Dead Kennedys, por exemplo - cheiro este ainda preservado]
 
 
Outro fator determinante nesta minha volta ao som pesado, foram os headphones.
 
 
Quem curte música, discografias, jornalismo musical, ouve música com o som alto em casa, faz coletâneas em mídias diversas para garotas ou mulheres e tem bom gosto (seja lá o que isso signifique), naturalmente possui um apetite musical variado e é exibicionista.
 
 
A síndrome do produtor de rádio domina este personagem, que não se detém na sua compulsão em fazer trilhas sonoras para a vida dos outros - com os outros querendo ou não.
 
 
Entretanto, quando este personagem tem um phone enterrado na cabeça, ele ouve o que realmente quer - a não ser que esteja em um carro, ônibus, avião ou trem com um vizinho de poltrona; porque aí, ele se importará com aquele barulhinho denunciador, que sai dos seus plugues de ouvido.
 
 
Sim, eu sei: este ser é um personagem patológico.
 
 
Bom, mas eu, que não tenho nada a ver com isso, estou adorando esta fase "phone na cabeça". Um novo hábito que adquiri desde que descobri o prazer de ouvir os meus CDs no notebook.
 
 
Para mim, iPod é útil nas viagens - economiza espaço - e celular não é lugar para se ouvir música. Deve ser ressentimento pelo fato de terem transformado "Für Elise" do Beethoven em música irritante de espera infinita ao telefone.
 
 
O fato é que eu adoro, sempre adorei um bom "gangangangangangan..." de uma guitarra - assim como curto um trompete estridente no jazz e o drama/peso na música clássica.
 
 
Em tempos de posers midiáticos, bandas efêmeras e mais do mesmo reciclado, estou ouvindo metal direto. Tirando um esporádico Seasick Steve, um Dexys Midnight Runners ou um Dead Weather, desde 2009 os meus ouvidos sofrem. A pressão é total.
 
 
Neste momento, por exemplo, a bateria monstruosa de Flo Mounier, da banda canadense de death metal Cryptopsy, explode os meus phones - um absurdo a faixa "Graves of the Fathers" do álbum "None So Vile".
 
 
Na verdade, o death metal tem sido o meu metal favorito.
 
 
"Penetralia" da sueca Hypocrisy é um dos três primeiros discos brutais, antes de os suecos enveredarem pelo melodic death metal (que eu não curto muito) e certamente um sério responsável pela minha audição terminar igual a do Pete Townshend.
 
 
São igualmente responsáveis: Vomitory (sueca), Jungle Rot (americana), Vader (polonesa), Debauchery (alemã/death metal + rock'n'roll), Anaal Nathrakh (inglesa/black metal), Nile (americana), Beherit (Finlândia/black metal), Vainglory (americana/speed metal/da vocalista Kate French), Soulfly (groove metal/Brasil), Benediction (inglesa), Tribulation (Suécia), Fleshgod Apocalypse (Itália),



Bolt Thrower (inglesa/da baixista vegan Jo-Anne Bench), Arch Enemy (sueca/gosto de mulher mandando ver), Entombed (sueca), Sadistic Intent (Estados Unidos), Otep (rap metal from USA/outra frontwoman), Grave (Suécia), Ektomorf (Hungria/do álbum de groove metal "Destroy"), Mass in Comatose (Estônia/promissora/só lançaram um EP), Urgehal (Noruega/black metal), entre outras e outras recuperadas ou descobertas.
 
 
Dentro desse universo paralelo de dor, dessa fantasia/sonho/pesadelo sangrento e mortal, desta cultura da psicopatia, chamou a minha atenção a banda americana Animals Killing People. O cara canta, quer dizer, groa uma espécie de vingança animal.
 
 
Faixas como "Shame on The Human Race", "Animals are Beasts, Men are Monsters" ou "Placebo Deranged Victory - Toreros de Mierda" deixam bem claro que os caras querem explodir o topo da cadeia alimentar.
 
 
Também foi confortável ter descoberto há poucos meses que o vocalista da Debauchery, Thomas Gurrath, era professor de Filosofia. No mês de maio, ao ser revelada a sua dupla identidade, foi expulso da escola onde lecionava. O conterrâneo de Nietzsche decidiu optar pela banda e abandonou a docência.
 
 
As minhas três favoritas: além da canadense Cryptopsy (já citada), a francesa Benighted. A banda lançou cinco discos. O meu preferido é o brutal "Identisick" de 2006. Um álbum phoda (!) de death metal e grindcore.
 
 
A outra: Portal da Austrália. Tirando um split, demos e EPs, foram três álbums. Ouço direto "Swarth" de 2009. Uma viagem soturna trilhada sob tremolo picking e com destino incerto. Sob capuzes, integrantes com nomes como The Curator (vocal) e Horror Illogium (guitarra) misturam death, black, industrial e expressionismo alemão no seu culto. Cotação: muito phoda!
 
 
Outra explicação para esta minha volta ao metal e afins pode ser o fetiche que o disco físico (CD ou vinil) exerce em mim. Metalheads cultivam esta parada mais do que os outros. As (sobreviventes) lojas de disco do gênero, em todo mundo, estão aí para confirmar isso. Além das capas serem a porta de entrada na fantasia/pesadelo deste universo.
 
 
No entanto, talvez o Dapieve - além de ter escrito uma crônica melhor e mais curta do que esta - tenha sido mais sincero. Muito provavelmente, acrescentando o fato da minha namorada curtir som pesado (nos conhecemos em 2009), estou usando bons argumentos para disfarçar uma crise de meia-idade mesmo. É possível, é possível.
 
 
Mas é fato que a minha atual trilha sonora recorrente está me ajudando a enfrentar esta possível crise de uma forma mais...
 
 
...leve.




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segunda-feira, 12 de julho de 2010

BRASIL SIL SIL SIL SIL...


Duas coisas que eu curto muito em Copa do Mundo: reconhecer os clubes europeus dos jogadores das seleções e ligar a TV antes do início dos jogos para escutar - em volume alto - os hinos dos países.


Associar o atleta fulano ao clube sicrano ("ih, olha lá o Medergaster que joga no Fluor da Tanzânia") é um exercício pernóstico, que ajuda a diferenciar o torcedor de ocasião, do torcedor que acompanha futebol o ano todo todos os anos.


Curtir os hinos é coisa de quem gosta de música e de uma carga dramática - com o peso da história.


Para um britânico, ouvir o seu hino deve arrepiar pela lembrança do "sangue, sofrimento, lágrimas e suor" na vitória sobre a Alemanha nazista e, talvez, pela saúde pública conquistada (obrigado pela informação, Michael Moore). 


Nos Estados Unidos, muito provavelmente, deve pesar na carga dramática toda a produção de chá destruída (a tal "remessa de lucros" do velho Brizola) e a consequente vitória sobre os ingleses. 


Na França, a Revolução Francesa é a mãe de todas as revoluções e explica o porquê dos franceses quebrarem tudo, incendiarem o país toda vez que tentam mexer numa vírgula da sua CLT (o tal do "pacto social", "flexibilização", "livre negociação" que nós conhecemos tão bem).


A Marselhesa toca e a emoção aflora.
 


Em Cuba, durante as Olimpíadas, nas partidas de baseball, o hino cubano deve lembrar as muitas medalhas de ouro conquistadas e, muito provavelmente, a vitória sobre uma ditadura apoiada pelos States - além da saúde pública.
 


No Brasil, o Hino Nacional Brasileiro lembra onze homens perfilados de short e chuteiras.
 


O que aliás é muito apropriado ao evento Copa do Mundo, no qual temos mais títulos; além de ser conveniente esquecermos o massacre promovido no Paraguai.
 


Entre os meus hinos favoritos estão todos os citados acima, a exceção do cubano - que não conheço por não acompanhar baseball, um esporte impossível de ser entendido -, e o belíssimo hino da Alemanha.


Mas para mim, não existe melhor, mais impactante, pomposa (no bom sentido), dramática introdução de hino do que a do Hino Nacional Brasileiro.



A belíssima música de Francisco Manuel da Silva e a quilométrica (e hermética para a maioria dos brasileiros) letra de Joaquim Osório Duque Estrada tem uma introdução me-respeitem-cheguei de responsa.
 


Entretanto, foi só eu descobrir que é atribuído ao cidadão Américo de Moura, natural de Pindamonhangaba, uma letra à introdução do hino, para eu ouví-la com outros ouvidos.
 


É claro que a tal letra foi excluída da versão oficial (como se ela já não tivesse letra suficiente).
 


Se você se lembra da intro do nosso hino, vai saber cantar. Cante comigo:
 


"Espera o Brasil que todos cumprais o vosso dever/Eia! avante, brasileiros! Sempre avante/Gravai com buril nos pátrios anais o vosso poder/Eia! avante, brasileiros! Sempre avante
 


Servi o Brasil sem esmorecer, com ânimo audaz/Cumpri o dever na guerra e na paz/À sombra da lei, à brisa gentil/O lábaro erguei do belo Brasil/Eia sus, oh sus!"
  


["Eia sus, oh sus", seria algo como "em frente! Avante!"]
 

 
"Gravai com buril nos pátrios anais o vosso poder" ???


Não poderia dar certo mesmo... ...ou, talvez, isso explique tudo; o fato é que assistindo aos jogos do Brasil com amigos, percebi que muita gente torce em silêncio, discretamente, "secretamente", contra a seleção brasuca.
  


Isto posto, comecei a pensar nessas pessoas e nas motivações contrárias.
 

 
Devem ser, acredito eu (estou muito no clima socrático do "só sei que nada sei" - deve ser a idade), torcedores que sentem saudade da época na qual os seus clubes, aqui no Brasil, cediam jogadores à seleção e eles podiam sentir orgulho do seu time de coração representar o país - além da gozação com o amigo(a) do lado que torcesse para outro clube, que não o do beltrano que fez um gol com a amarelinha.



Diferenças, na boa, sob a mesma bandeira.
  


Mas tem mais gente:
  


niilistas; misantropos, anarquistas; gente que detesta locutores histéricos com acento nacionalista fascistóide; provocadores; torcedores que não gostam da companhia dos torcedores de ocasião; frequentadores de bares e restaurantes que odeiam a praga das TVs ligadas nestes estabelecimentos o ano todo todos os anos - hábito motivado pelas Copas do Mundo -; gente a favor do contra; solitários; punks; metalheads;
 
 
torcedores acostumados a ter como rival um time de maior torcida; iconoclastas; gente que não gosta do treinador do escrete nacional; oposionistas à situação na CBF; jogadores preteridos na convocação; pessoas inconformadas com a preterição; cidadãos que odeiam futebol;



brasileiros que criticam o país por colecionar Copas do Mundo com jogadores que são o orgulho de torcedores de outros países (além de patrimônio dos clubes estrangeiros), jogadores esses que são a primeira e segunda divisão do futebol brasileiro, enquanto os clubes daqui estão falidos - ao contrário dos nossos cartolas;



comerciantes que deixam de faturar em época de Copa; comunistas que ainda acreditam no comunismo e na revolução pela revolta popular (e no sentimento de classe contra classe - jogadores ricos); criaturas que não suportam os "filósofos", "gênios", "sábios" que analisam, analisam e analisam antes e depois das pelejas;
 
 
rockers; pós-punks; shoegazers; mods; rockabillies (que têm a libido noutra parada); opositores ao presidente da república em exercício durante a Copa; espíritos de porco; satanistas; hedonistas que praticam outro esporte;



esquizofrênicos que torcem um tempo para cada time; existencialistas que não veem sentido no esporte bretão; ateus que não acreditam nos deuses do futebol; agnósticos que duvidam da existência desses deuses;
 
 
generosos que acham que o Brasil já ganhou demais e que os outros deveriam ter chance também; indivíduos que acham que o brasileiro é arrogante quando se trata de futebol; cachorros que odeiam fogos de artifício e buzinas diversas; brasileiros que não querem ver o país associado à novela, futebol e bunda;
 
 
enfim, somos (ops!), são milhões de pessoas que secretamente, clandestinamente, subversivamente torcem em silêncio (ou não) contra o escrete nacional.



Ainda não é uma atividade ilegal.
 


Quanto a mim, nos dias de jogo da seleção canarinho, poderei ser visto em frente à TV bradando a plenos pulmões:
 


"Eia sus, oh sus; tan, tan, tan...".






Clique aqui para ver os gols 



quarta-feira, 9 de junho de 2010

Uma Coluna Virtual - O Retorno

Vários fatores me afastaram daqui do Uma Coluna Virtual; mas, muito provavelmente, o principal deles foi um certo comentário: "pôxa, o seu antigo site era tão divertido; este Blog só tem detonação".


Ora, ora, escrevo eu... ...o objetivo dele é este mesmo! Pura função terapêutica que é lida por uma meia dúzia de três a quatro amigos.


Desde que o nobre e impoluto deputado Roberto Jefferson abriu a boca, passei a repensar o Brasil e as minhas posições políticas.


Além disso, o Brasil - de uma forma geral - está um saco (!!!) (e brega), mas isso é assunto para uma coluna específica. O que ocorreu é que tal comentário e o fato - muito importante - desta atividade aqui no Blog não ser remunerada, me afastaram legal.


Embora, eu tenha pensado em escrever sobre o excelente novo Woody Allen, por exemplo.


Há um bom tempo, li na seção "Há 50 anos" de O Globo, uma crítica - escrita, obviamente, há meio século - na qual um crítico tratava de forma banal uma obra-prima de... ...Alfred Hitchcock (!?).


Sempre que leio as críticas destes meninos sobre a mais nova obra-prima de Woody Allen, penso nelas daqui a 50 anos.


O tempo sempre me fascinou. Quando assisti no canal Max Prime ou HBO (não me lembro ao certo) o filme "Flight 666", documentário com a banda inglesa Iron Maiden, a "juventude eterna" foi o tema da vez a me alugar por uns dias.


O fime mostra a turnê mundial "Somewhere Back In Time". A banda percorreu 70 mil quilômetros em cinco continentes. Foram 23 shows em 45 dias.


Com 51 anos, o vocalista Bruce Dickinson é o mais novo da banda e o mais velho é o batera Nicko McBrain com bravos 56. O longa é empolgante e teve momentos nos quais fiquei exausto por eles.


Porra, os caras não tocam folk ou bossa nova. A energia, a ginástica, o esforço físico que é exigido de uma metal band é uma insanidade total.


Ok, oquei, você pode estar pensando em Sir Mick Jagger e seus 66 anos correndo de um lado para o outro em palcos imensos. Mas você pode imaginar também o vocalista dos Stones, que provou tantos excessos ao longo da vida, malhando e cuidando da saúde nos dias de hoje. As coisas mudam e até título de Sir ele aceitou (argh!).


Já os caras do Iron Maiden são típicos frequentadores de pub até hoje.


Passei a me lembrar disso às segundas-feiras, quando corro na praia e elimino os últimos resquícios etílicos...


Ainda no tema bebida, resolvi reler e assistir novamente "Hollywood" do Bukowski e "Barfly" do diretor Barbet Schroeder - que eu vi quando foi lançado no cinema em 1987. Acredito que o livro de Charles Bokowski é o melhor making-of já feito, além de deliciosa leitura.


No livro, é narrado todo o processo de feitura do filme em meio à loucura da indústria cinematográfica norte-americana.


Gostoso também foi, com a ajuda da Internet, descobrir quem eram as pessoas citadas pelo escritor em "Hollywood". Coincidência total estar lendo a passagem com a personagem Mack Austin, quase ao mesmo tempo em que era anunciada a morte da lenda Dennis Hopper.


O meu querido Liverpool, contrariando as minhas previsões, foi longe na Liga Europa. Uma semifinal que quase vira grande final. Gol dos Reds no tempo regulamentar, mais um na prorrogação, mas... ...um gol do Forlán na mesma prorrogação tirou o Liverpool da finalíssima.


O jogador uruguaio ficou livre na cara do gol, confirmando as minhas previsões a respeito do sistema defensivo extremamente deficiente do time de Merseyside.


O treinador Rafa Benitez foi dispensado depois de quatro títulos em seis anos à frente do time. Com o treinador espanhol, o time de Elvis Costello conquistou a Liga dos Campeões da Europa 2005, Supercopa Europeia 2005, Copa da Inglaterra 2006 e Supercopa da Inglaterra 2006.


Muitas alegrias, Rafa, mas uma em especial me motivou a voltar ao Blog.


Tempos atrás (bota tempo nisso), quando Wilson Simonal ainda não havia sido anistiado e algumas gerações nem sabiam de quem se tratava, resolvi propor a minha finada banda a regravação de "Nem Vem Que Não Tem" de Carlos Imperial, que foi gravada por Simonal.


A faixa entrou no nosso primeiro CD demo - como nosso único cover - e foi executada em vários shows. Era consumida como nossa - da banda Persônica. Ninguém a conhecia.


Saquei a parada e passei a dar o crédito antes da sua execução nos shows. Devo confessar que, para minha surpresa, nem os músicos me pediram para ouvir a versão original do Simonal.


Recentemente, entrei na Travessona de Ipanema, loja aqui no Rio, e me deparei com CD "Best of BB" (Mercury/Universal - importado) da Brigitte Bardot (foto). Comprei-o na hora.


Ouvindo em casa, muito prazer: uma delícia, charme puro e... ...o que eu ouço na 19ª e penúltima faixa do disco? "Nem Vem Que Não Tem" cantada por Ela !!! Na verdade, "Tu Veux ou Tu Veux Pas" (versão de Pierre Cour) em gravação de 1970.


Como já foi dito, "é impossível ser feliz sem alguma ignorância". Pois eu ignorava, desconhecia, não sabia, não podia imaginar que Ela havia gravado esta canção !!!


Por motivos óbvios, é claro que eu poderia ter feito um cover do cover. Mas por tudo o que relatei acima, senti como se Brigitte Bardot tivesse gravado algo meu.


E mais: já queimei um CDzinho com a gravação definitiva de Wilson Simonal, a competente versão da Persônica e, fechando o disco, a versão super charmosa do mito Brigitte Bardot.


É impossível ser feliz sem alguma inocência.


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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Liverpool, Locutor da ESPN e Marcação


Hoje, o visitante Liverpool venceu o Unirea da Romênia por 3 a 1 e se classificou para as oitavas de final da Liga Europa. Na primeira perna, jogando em casa, os Reds venceram por 1 a 0 e é sobre este jogo que eu quero comentar.

Esta partida foi disputada na quinta-feira passada (dia 18) e o time do capitão Steven Gerrard (foto) penou para derrotar a equipe romena. O gol só saiu aos 81 minutos. Babel cruzou da esquerda, o espanhol Pacheco escorou de cabeça e N'Gog fuzilou, também de cabeça, para o fundo das redes.

Durante a partida, o ótimo narrador Paulo Andrade (boa voz, vibração, narração em cima dos lances), da ESPN, só falou mal do time do Liverpool e do jogo.

O loucutor e lenda viva José Carlos Araújo da Rádio Globo-AM (RJ) costumava dizer, que "narrador esportivo tem que ser um animador de espetáculo".

O cara não pode ficar o tempo todo depondo contra o evento narrado por ele. Por pior que seja o evento. Caso contrário, ele me autoriza a mudar o canal ou a desligar a televisão.

E o que se viu na tal partida, caro internauta? Um típico jogo de ataque contra defesa. Jogando em casa, o time da terra do Echo and The Bunnymen buscou o gol o tempo todo e o Unirea se defendeu. Mas se defendeu com muita, muita eficiência.

Renunciando ao ataque, sem cometer faltas, marcando na bola, os jogadores do time romeno demonstraram calma durante toda a partida. Um time sereno, ninguém gritando com ninguém. Uma postura zen quase budista.

Todos marcando todos os adversários, cobrindo os espaços, deixando mais de um marcador na sobra, diminuindo o campo.

Defensores, meias, e atacantes se propuseram a não deixar o adversário jogar e fizeram isso sem deslealdade e, como já disse, com eficiência total. [ok, oquei, até os 81 minutos]

Pronto, basta isso para o brasileiro não gostar. E tome de críticas, por parte do tal locutor da ESPN, ao time do Liverpool e à partida. "O time não tem criatividade; o time parece desinteressado; o time é fraco; o jogo é ruim; bom jogo será o do próximo sábado, blá, blá, blá". E olha que o cara nem é comentarista: está ali para narrar o jogo.

Quando o torcedor está vendo um jogo do seu time, pouco importa o nível técnico da partida. Ele quer a vitória do seu clube e ponto. Depois de 81 minutos torcendo por um gol, quando ele sai o torcedor vibra, comemora e espera ansiosamente pelo apito final do árbitro.

Não havia espaço para o time do Liverpool, mas os seus jogadores até que distribuíram bem o jogo, tentaram abrir espaços pelas pontas, procuraram atrair a marcação, tentaram bolas alçadas na área adversária, chutes de média e longa distância e... ...nada.

O que faltou - além de alguns titulares que desfalcaram o time - foi velocidade nos raros contra-ataques.

E tome do sibilante locutor da ESPN falar mal do time dos Reds, ler estatísticas históricas desfavoráveis ao Liverpool (aliás, este é um hábito dele), criticar o jogo em si.

Sem exagero: já estava ficando constrangido de estar assistindo ao jogo com uns amigos (e torcendo feito um louco; sou torcedor dos Reds). Cheguei a temer que um deles me dissesse: "muda de canal, Alexandre!".

Brasileiro tem que entender, que - em certas situações - entrar em campo para se defender é uma opção estratégica válida. E quando ela é bem sucedida, mesmo um adversário mais técnico não consegue jogar o seu futebol.

Claro que por sermos um país que teve Didi, Gérson, Pelé e Garrincha, entre outros inúmeros cracaços, valorizamos mais a criação.
Que bom isso! Faturamos cinco Copas do Mundo (!) - sendo que as duas últimas já com um bom poder de marcação também.

No entanto, atualmente, aqui no Brasil, o que se vê são jogadores que não sabem marcar, dar o bote na bola, tirar o espaço do adversário, e aí cometem faltas o tempo todo. Para mim, isso é que é jogo feio. Assim, como também é mais fácil fazer gol estando livre de marcação.

O "Titio" Orlando Fantoni, técnico Campeão Carioca de 1977 com o Vasco, dizia: "com um bom ataque eu ganho um jogo. Com uma boa defesa eu conquisto um campeonato".

Hoje, não tem essa de ataque e defesa. Todos atacam e defendem - o tal do fut total.

Cansei de assistir a jogo do Man Utd com o time goleando e aos 88 minutos o Cristiano Ronaldo dando chutão na sua área ajudando a defesa.

No Liverpool, o atacante Dirk Kuyt também desempenha esta função. É bem verdade que para fazer isso é necessário ter um excelente preparo físico e aqui atrasam salários e aí fica difícil cobrar preparação fisíca e afins.

Bom, hoje teve a segunda perna e o Liverpool ganhou por 3 a 1 do Unirea (Mascherano, Babel e Gerrard marcaram para os Reds). O jogo foi narrado na ESPN por outro Paulo: Soares, o "Amigão", que animou o espetáculo. Foram quatro gols, mais espaços e alguma correria.

Entretanto, neste jogo, o Liverpool apresentou sérias deficiências. O Unirea jogou procurando o ataque e inúmeras vezes levou muito perigo à meta de Pepe Reina. O time romeno só não marcou mais gols por ter sido incompetente nos arremates.

O meio-de-campo do Liverpool não marcou bem (que saudade do Xabi Alonso...), a defesa se posicionou mal, laterais reservas e improvisados não foram eficientes no apoio e jogando assim não vejo futuro para a equipe na competição.

Mas, muito provavelmente, este jogo deve ter agradado mais a quem vê o futebol pela ótica do sibilante narrador da ESPN.


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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Evoé Momo !!! Tempo de Samba e Fantasia


Tempos atrás, se comentava que não se via qualquer manifestação carnavalesca nas ruas do Rio de Janeiro na época do Carnaval.

A maior festa popular brasileira estaria morrendo. Nada mais de blocos, confetes e serpentinas nas ruas.

Decadência nos salões: os bailes não atraíam mais ninguém.

A Cidade Maravilhosa virava quase uma Cidade Fantasma. Muita gente ia embora; pouca gente chegava.

O Carnaval carioca parecia estar resumido ao Desfile das Escolas de Samba - que aliás, com algumas exceções, começavam a ficar cada vez mais parecidas entre si.

Entretanto, em diversos estados nordestinos, a festa continuava espontânea, popular e de rua.

Tudo mudou quando a garotada carioca resolveu botar o bloco na rua: literalmente. Os Blocos de rua foram reaparecendo e tomando conta da paisagem carioca.

A alegria carnavalesca invadiu a cidade. Os saudosos sorriram satisfeitos; quem não conhecia aderiu. Evoé Momo !!! Evoé Baco !!! Que beleza...

Tempos depois, o Rio vive um engarrafamento de Blocos. A impressão que se tem é que qualquer reunião com mais de quatro pessoas em bares e botequins vai virar Bloco e ganhar a liberação da prefeitura da Cidade e depois as ruas.

E o que se vê? Um bando de gente andando com latinha de cerveja na mão acompanhando o cortejo. Sim, porque, tirando o pessoal da bateria e do carro de som, a maioria esmagadora não tem a menor ideia do que está sendo cantado.

E como o som normalmente é muito ruim, depois de um tempão de Bloco na rua, os foliões continuam a ignorar o que é entoado, berrado do carro de som.

"Mas que mau humor", dirão os meus desafetos; mas, pensem comigo: nenhuma festa popular baseada em música pode viver sem... ...música !!!
 
A indústria do entretenimento não investe em marchinhas, sambas, música de carnaval. Só rola o disco "Sambas de Enredo do Ano Tal" e pronto.

Colchetes: [é claro que existe uma galera que vive o samba doze meses ao ano. Pessoas que frequentam as Escolas de Samba e são do meio. Amam o carnaval e ainda mais o samba]

Na sua maioria, a garotada vai aos Blocos para ver e ser vista. Um tremendo climão de Baixo Gávea (point aqui do Rio).

E tome de homem musculoso sem camisa. Ainda tem mais essa: agora, os Blocos trazem muito mais homens com menos roupa do que mulheres com pouco pano - é mole?

O pior é que a grande maioria desses caras não faz outra coisa a não ser andar pra cá e pra lá (devem ficar esperando que as garotas falem com eles...).

Até os meus desafetos vão concordar comigo: não é nada agradável ficar debaixo de um Sol desumano, suando uma barbaridade, bebendo cerveja quente cobrada acima do preço normal, ouvindo sambas ou marchinhas desconhecidas num som terrível (sem chance de aprendê-las) e vendo homens fortes sem camisa.

PQP !!! Tô fora !!! E a destruição dos canteiros, jardins, entradas de prédios, homens urinando em qualquer lugar e as latas de cerveja jogadas nas calçadas ???

E a música? E quando a música que é tocada e cantada não é uma composição própria do Bloco? A bandinha ou o carro de som ataca de: "Olha a cabeleira do Zezé/Será que ele é/Será que ele é...".

PQP 2 !!! "Cabeleira do Zezé", "As Águas Vão Rolar", "Sassaricando", "Índio Quer Apito", "Mamãe Eu Quero" e afins são do tempo do meu tataravô !!!

Uma garotada que não se interessa por samba o ano inteiro; aí, quando chega o carnaval, desata a cantar as marchinhas do tatataravô ???

Cidade Maravilhosa ??? Ah, que saudade da Ghost Town...

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

O Cartão de Apresentação de uma Banda

Li a matéria sobre a banda do filho do Gilberto Gil na Revista O Globo deste último domingo e fiquei curioso sobre o som dos caras. Quer dizer... ...esta curiosidade só durou até eu ver a foto dos integrantes da tal banda.

Explico: quando uma banda ou um(a) artista de rock ou afins sobe em um palco, enquanto os instrumentos são plugados, afinados, antes de começar o show já sabemos mais ou menos do que se trata. Já temos uma ideia do tipo de som, o gênero da banda ou do(a) artista.

O que "denuncia" isso? Ora... ...a roupa, os cabelos, os sapatos (ou a falta do "pisante"; pense numa Maria Bethânia sobre um palco).

Mas voltando à banda do filho do Gil: o garoto se chama Bem Gil e a tal banda é a Tono. E afinal, qual é a dos caras? Não faço a mínima ideia. Não pesquisei na Internet. Não me senti estimulado.

Entretanto, não quero fazer um juízo de valor de uma banda que eu não conheço e sim aproveitar este gancho acidental, para pensar sobre o "design" de bandas.

O que se vê na foto da Revista O Globo é o retrato de um tipo específico de músico jovem carioca, que faz uma música que é um híbrido de nada com coisa alguma.

Saca aqueles jovens que frequentam o Posto Nove (praia de Ipanema aqui no Rio), o bairro de Santa Teresa, a noite da Lapa tomando chope em copo de plástico de pé, vai ao Circo Voador (casa de shows) assistir a alguma apresentação de uma banda brasileira de reggae de raiz e costuma gritar "toca Raul" nos shows?

Posso estar errado, mas a impressão que eu tive da tal banda do filho do Gil foi essa. Sei que a maresia leva a este estado de espírito largadão, tranks, "beleza?" e etc; mas o som que este tipo de atitude, comportamento proporciona geralmente não acrescenta nada.

Normalmente, rola um tremendo dejaouvi maleta. [o pior é que muitas outras bandas brazucas, que não fazem este tipo de som, também adotam este look "largadão de ser"]

Estou sendo preconceituoso, eu sei, mas só no que se refere ao visual da banda. Para qualquer jovem americano ou do Reino Unido, por exemplo, o visual é um complemento do som da banda. É uma coisa tão importante quanto a música.

Não se justifica um preconceito pelo fato do cara ser filho do Gilberto Gil. É claro que este fato facilita a divulgação do trabalho artístico; mas se a banda for boa, só teremos a ganhar com a divulgação do trabalho.

Quando surgiu, o Strokes era citado como "a banda do filho do John Casablancas" - fundador da Elite Model - e depois conquistou o seu espaço por ser uma banda phoda (!).

Aliás, o visual do Strokes diz muito sobre eles. De uma maneira geral, músico brasileiro não se preocupa muito com o visual (e o vocal também) da banda. "Você toca? Toco. Vamos montar uma banda? Vamos!" E pronto.

Criatividade não tem nada a ver com ter grana. Como se sabe, os punks ingleses criaram um estilo em meio ao desemprego e a crise financeira que se abateu sobre a Inglaterra no final da década de 70.

Como o atual cenário da música no Brasil (em todos os gêneros) é desanimador, torço para estar equivocado. Neste caso, por puro preconceito, terei perdido uma boa banda brasileira em início de carreira.


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